A maioria das pessoas já sabe que para evitar a demência é preciso fugir de alguns maus hábitos, como o sedentarismo e a ingestão de álcool. Entretanto, a lista de coisas para evitar também inclui o uso de alguns medicamentos. Tomar alguns remédios, especialmente sem recomendação médica, pode afetar o funcionamento do cérebro a curto prazo e comprometer a saúde do órgão na velhice.
“Sabemos que o uso crônico e prolongado de alguns medicamentos pode aumentar o risco de desenvolver demência e outras doenças neurodegenerativas. Por questões como essa, sempre recomendamos consultar um médico antes de iniciar o uso de um medicamento para saber que benefícios ele pode trazer, assim como os efeitos que podem estar envolvidos”, alerta o neurologista Carlos Uribe, do Hospital Brasília, da rede Dasa.
O neurologista Guilherme Olival, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, porém, ressalta que fechar a lista de remédios é difícil. Os estudos indicam tendências de algumas classes de drogas, mas como a maioria dos pacientes usa muitos medicamentos de forma combinada ao longo de décadas, é difícil separar as interações e efeitos que eles podem ter no corpo e apontar um único culpado.
“A correlação entre demência e uso de remédios é algo bastante estudado e temos esses efeitos bem documentados no caso dos sedativos e de alguns medicamentos para alergia, os anti-histamínicos. Em outros casos, porém, foram encontradas relações que podem ser indicativas, mas que parecem ter um efeito mais indireto”, aponta Olival.
Entretanto, alguns remédios são capazes de aumentar o risco de declínio cognitivo e foram confirmados por estudos robustos. Veja a lista:
Medicamentos que podem aumentar o risco de demência
Benzodiazepínicos
Remédios para ansiedade e insônia estão entre os que foram relacionados mais intensamente a casos de demência. Um estudo de 2021 indicou que em apenas três meses de uso contínuo há um risco 32% maior de desenvolver Alzheimer.
“Os sedativos benzodiazepínicos são depressores do sistema nervoso central. Este efeito em si leva a um aumento de risco por reduzir a atividade cerebral. São dados bem alarmantes e estudos de longo prazo estão sendo feitos para avaliar melhor os riscos”, diz Uribe.
Anti-histamínicos
Os medicamentos anti-histamínicos são também chamados de antialérgicos. Eles impedem o início da ação da histamina, um neurotransmissor responsável por desencadear a reação inflamatória do organismo para combater doenças, mas que muitas vezes leva a crises alérgicas. Para fazer isso, porém, eles agem diretamente no cérebro.
Desde 2015, pesquisas indicam que eles podem interferir na saúde cerebral. Um estudo divulgado em junho deste ano no Journal of Allergy and Clinical Immunology, por exemplo, relacionou casos de demência em pacientes com rinite alérgica ao uso constante destes medicamentos.
“O uso por mais de três anos e meio mostrou um risco específico e elevado de desenvolvimento de demência. Como os anti-histamínicos mexem no fluxo de neurotransmissores, isso pode dificultar o funcionamento do cérebro, mas como o mecanismo acontece ainda não é bem explicado dentro da medicina”, explica Olival.
Opioides
Anestésicos opioides, usados geralmente após cirurgias, como a morfina, também aumentam o risco de demência. Isso ocorre por que a sedação induz uma redução da atividade cerebral que aumenta o risco de Alzheimer e outras doenças de declínio cognitivo, de forma semelhante ao que ocorre no uso dos benzodiazepínicos. Pacientes com dor crônica tratados com este tipo de medicação têm até 15% mais risco de desenvolver demência.
Outros remédios na lista
Remédios para azia e antidepressivos já foram indicados anteriormente como prováveis indutores de demência, mas faltam evidências científicas para dar suporte à teoria.
No caso dos remédios para azia, como o omeprazol, o fluxo de ácidos no organismo é reduzido através de inibidores da bomba de prótons, um processo que poderia ter efeitos no cérebro. As evidências científicas mais recentes, porém, inocentam os medicamentos populares.
“O uso de omeprazol foi indicado como responsável pelo declínio cognitivo em estudos muito antigos que depois não foram comprovados”, aponta Olival.
Já os antidepressivos, especialmente os tricíclicos, que agem estimulando o fluxo de neurotransmissores no cérebro, já foram associados ao declínio cognitivo, mas o próprio diagnóstico da depressão também é responsável pelo aumento do risco de desenvolvimento de demência.
“Pessoas com depressão, por exemplo, costumam ter vários problemas associados ao declínio cognitivo, como baixas redes de suporte social. Como são tantas coisas juntas ao mesmo tempo, é complexo separar o efeito de cada uma delas, então são poucos os médicos que os incluem na lista de riscos”, finaliza Uribe.
Por Metrópoles
Sete Lagoas Notícias
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