O verão só começa em dezembro, certo? A estação, sim, mas a economia ligada a ela já dá sinais de movimento agora, em outubro, ainda na primavera. Setores como saúde, comércio, turismo, cosméticos e serviços - incluindo clínicas de estética, lojas moda praia, casas de bronzeamento e academias - já percebem, neste mês, uma movimentação diferente da observada no restante do ano.
Nas atividades relacionadas exclusivamente à beleza, a busca pelo “corpo de verão” é o principal motivo para o incremento tanto na quantidade de clientes quanto no faturamento. Em alguns lugares, como casas de bronzeamento, a expectativa é de um crescimento de até 40% no volume de atendimentos.
A economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL), Ana Paula Bastos, observa que os setores que mais se beneficiam com o verão são justamente os ligados à beleza: cosméticos, estética, moda e serviços. “As pessoas, por mais apertadas financeiramente que elas possam estar, compram pelo menos alguma coisa de estética, de moda ou de cosméticos para terem uma sensação de bem-estar consigo mesmas”, comenta. “A pessoa quer estar ‘dentro’ do verão. Ela quer estar com a saúde em dia ou estar nutrida porque o calor é muito grande, por exemplo. O verão muda completamente o comportamento das pessoas”, observa.
Segundo a especialista, ganha destaque o setor de cosméticos, que vem crescendo consideravelmente. Durante o verão, a venda de produtos como protetor solar, hidratante e máscara capilar para proteção contra efeitos do sal ou do cloro ajudam muito a impulsionar as vendas. “Esse setor é muito movimentado até o fim do ano”, diz.
Marquinha de sol
Das atividades que mais movimentam a economia nessa época, ganha destaque também o serviço oferecido por empreendedores que veem no desejo de ter um “corpo de verão” uma oportunidade de negócio. Em Belo Horizonte, as casas de bronzeamento corporal natural fazem sucesso entre homens e mulheres que já querem chegar às festas de fim de ano, férias de janeiro e Carnaval com um bronzeado bem feito.
A empreendedora Yasmin dos Santos Soares, 29 anos, profissional na área de bronzeamento natural há 5 anos, conta que, para uma pessoa que pretende viajar em janeiro, por exemplo, o ideal é começar as sessões de bronzeamento já em outubro. “O ideal, para ficar aquela marquinha bem intensa e uniformizar totalmente a pele, é que a cliente faça três sessões, em intervalos de 15 dias ou um mês”, explica.
A jovem espera em seu espaço, o Elli Bronze, um aumento de até 40% no volume de clientes nessa época em relação aos meses anteriores. Ela explica que, para dar conta da demanda, ela chega a contratar freelancers para ajudar na dinâmica do atendimento. “Enquanto uma monta o biquíni, a outra vai passando o produto, a outra joga água”, exemplifica. Por lá, os procedimentos variam entre R$ 60 e R$ 140, dependendo dos serviços agregados (esfoliação, hidratação, descoloração etc).
Já na Sol&Bronze, também em BH, a expectativa é de um aumento de 30% no movimento na primavera em relação ao inverno. “No início da primavera, com o calor, nossas clientes querem marquinhas e pele bronzeada em evidência, pois passam a usar roupas mais curtas e frequentar clubes e praias”, comenta a CEO da empresa, Patrícia Carla Miranda de Meira Maia, de 45 anos.
A empresa está no mercado do bronze desde 2018 e oferece ainda um espaço de spa às clientes. “Trabalhamos com produtos em creme, que agem na terceira camada da pele (hipoderme), hidratam, bronzeiam e repõem os nutrientes”, cita. “Minhas clientes amam os benefícios do sol: repõe vitamina D, aumenta a autoestima, a imunidade e a libido, regula nosso ciclo circadiano e disfarça estrias, celulite e vasinhos”, diz.
A empresária conta que ainda oferece mimos, como brindes de spa e massagens nos pés. Por lá, o ticket médio de investimento das clientes é R$ 100, incluindo descoloração de pêlos.
E nessa linha do bronze perfeito para o verão, os homens também contam com espaços dedicados exclusivamente a eles. É o caso da Teu Bronze, uma casa de bronzeamento natural só para homens, há 5 anos nesse mercado. O proprietário do estabelecimento, Mateus Santiago, 35 anos, conta que a expectativa, de setembro a março, é faturar de 20% a 30% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
Mateus conta que, nessa época, a maioria procura ficar com o corpo bronzeado para o verão, férias e Carnaval. O bronze adquirido nas sessões, segundo ele, pode durar até dois meses. “Se a pessoa cuidar bem da pele, com hidratação periódica”, pondera.
Academias
E por falar em “corpo de verão”, as academias também percebem um aumento considerável no movimento e nas novas matrículas já na primavera. Além da marquinha de sol, muitos querem se preparar para ficar “de bem” com o próprio corpo na época do ano em que ele fica mais à mostra.
Na D2 Fit, localizada no Centro de BH, a academia já observa um aumento no movimento de 15%, com uma projeção de 18% sobre a média de clientes ativos atuais até o fim de novembro.
Segundo a empresa, esse incremento é motivado por pessoas que não têm o hábito de frequentar academia (e passam a frequentar nessa época) e a volta de pessoas que estavam de férias em junho e julho.
De acordo com a empresa, a partir de agosto, as pessoas já começam a buscar o tal “corpo de verão”, e o volume se mantém em setembro. Por lá, o movimento aumenta nos horários de pico (almoço e após às 17h).
Situação semelhante acontece na SmartFit, que, historicamente, percebe um crescimento no movimento a partir de julho, com pico em setembro. “As pessoas já entenderam que, quanto antes começar, melhor será o resultado”, comenta o head de marketing Brasil da Smart Fit, Guilherme Costa.
Com o grande número de clientes, a empresa se prepara de diversas formas, uma delas é oferecer substituição de exercício por meio do app, para facilitar o revezamento de aparelhos. “Assim, se um equipamento está ocupado, o aluno pode fazer um alternativo para o mesmo objetivo”, diz.
Já na rede de academias Pratique Fitness, em todo o Brasil, em um mês, as unidades já perceberam um aumento de 15% na procura e na venda. A expectativa para o período de alto fluxo - outubro a março - gira em torno de 30% mais movimento. Como a empresa está abrindo novas unidades pelo Brasil, a expectativa para este ano é maior: até 45%.
O diretor de marketing do Grupo Pratique, Damer Oliveira, pondera, no entanto, que as academias têm trabalhado para mudar a mentalidade dos clientes. “No verão, a gente costuma falar que não é sobre ‘projeto verão’ e sim sobre o ‘projeto vidão’. É tentar justamente quebrar esse paradigma das pessoas de só procurar academia ou exercício físico nessa época”, comenta.
Fora das academias, o personal trainer Antônio Leite e Souza Júnior, de 42 anos, que trabalha com aulas particulares e grupos de exercício funcional, a percepção é parecida. Ele conta que, no inverno, o fluxo de alunos cai e, na primavera, aumenta. “Todos querem a perda de gordura e o ganho de massa muscular”, diz.
Sobre a procura por quem deseja resultado rápido visando o verão, o profissional pondera: “não é bem assim. Você não consegue atingir um resultado rápido. Tem que ter tempo de treino e alimentação.”
Estética
Ainda dentro do quesito estética, questões como celulite ou mesmo gorduras localizadas são os principais pontos que muitos procuram eliminar ou disfarçar durante o verão. Além das academias, clínicas de estética que oferecem serviços desse tipo também veem nesta época um movimento considerável.
Na clínica do biomédico e fisioterapeuta dermatofuncional, Thiago Torres Machado Martins, 42 anos, é notório, principalmente a partir de outubro, um aumento de cerca de 30% no número de pacientes que buscam procedimentos estéticos corporais. “Essa procura acontece pelo público feminino, mas cresceu demais também por parte dos homens”, diz.
“A maioria dos clientes que busca por esses procedimentos estéticos corporais quer, de alguma forma, melhorar o contorno do corpo, a aparência da pele e deixar o corpo mais harmônico pensando no verão, nas férias de janeiro e no carnaval”, comenta. “Mas, é algo que eu, como biomédico e profissional da área, falo com as minhas pacientes: é possível, sim, obter melhoras substanciais na aparência corporal, mas é fundamental entender que essa mudança tem de vir acompanhada de um plano de atividades físicas e dieta”, pondera.
De acordo com o profissional, os procedimentos mais procurados são botox e preenchimento, bioestimuladores, tratamentos para gordura localizada e celulite. Em média, os clientes desembolsam em torno de R$ 5.000.
Entram na conta ainda, pensando em economia do verão, procedimentos mais complexos, como cirurgias plásticas - prótese de silicone, lipoaspiração e abdominoplastia. De acordo com o cirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), André Villani Mafra, nesta época aumentam entre 20% e 30% as consultas pré-cirúrgicas para procedimentos que serão realizados em dezembro ou janeiro (período de férias).
No entanto, essa procura está relacionada a outros fatores, além dos estéticos. “O aumento nessa época é muito explicado pelas férias escolares, férias coletivas de empresas e festas de fim de ano, que dão tempo para a pessoa se recuperar com maior tranquilidade. Esses são alguns dos fatores que influenciam a busca no verão e nas férias”, diz.
Comércio
Vestir o “corpo de verão” também entra na conta. Na loja Maragogi, voltada à moda praia, a movimentação para a estação também já começou. É nesta época que a proprietária, Jessica Braga de Sousa, começa a calcular como serão as vendas, quais modelos devem entrar no catálogo e quanto deve ser o faturamento com o período.
De acordo com ela, a expectativa é crescer em até 50% as vendas nesse período. “Em relação ao ano passado, este mês teve um aumento de 45% nas vendas, acredito que seja pelo calor”, conta. Nas últimas semanas, BH enfrentou ondas de calor com recordes de temperatura para o mês de setembro.
A Maragogi trabalha com produção própria e já iniciou os preparativos para o verão avaliando o estoque e as peças que serão lançadas. “Para atender a demanda, já iniciamos algumas contratações freelancer para serviços pontuais, pois esse crescimento permanece constante apenas até dezembro”, diz. Segundo a proprietária, o movimento geralmente aumenta de forma considerável em novembro.
Por O Tempo
Sete Lagoas Notícias
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